quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Liberdade X condicionamentos

Não podemos ter a ilusão de que somos inteiramente livres, absolutamente indeterminados e completamente indefinidos até tomarmos uma decisão. E muitas vezes nos deparamos com situações que afrontam até mesmo contra os nossos princípios, e você se apercebe como um ser paradoxal. Não dá para falar que podemos, de uma hora para outra, mudar de direção sem uma prévia análise e reflexão, do contrário, nossas decisões são impensadas e acabamos por cair no risco de nos arrependermos por fazer algo que possa até mudar o rumo de nossa vida, por uma simples decisão apenas. Contudo, precisamos entender que ninguém pode tomar uma decisão por mim, nenhuma pessoa pode adentrar em minha intimidade e decidir sobre o que fazer diante dos caminhos a seguir. Por isso, também não podemos falar em condicionamento total, e que não exista liberdade. Na verdade, nós entendemos muito mal o que seja realmente liberdade. Liberdade é aquela capacidade, especificamente humana, de poder se humanizar, de poder crescer, de poder aprender, de poder desenvolver-se, de poder errar, de poder fazer uma grande besteira, de poder depois se arrepender, e, por fim, de poder ser gente! Uma vez Platão disse no mito da caverna, que o Sumo Bem, a idéia mais perfeita do mundo das idéias, nunca pode ser completamente abarcada, mas que pode ser sempre buscada e que, na medida em que progredimos em conhecimento da verdade, vamos descobrindo com mais plenitude essa idéia originária.

Princípios são os elementos basilares que constituem a nossa capacidade de decisão. Pode-se incluí-los dentro de vários âmbitos de nossa atividade, seja ela relacional (ética, social, política, cognoscitiva, etc.), seja ela pessoal (reflexão), seja ela cultural ou religiosa, etc.

Liberdade X condicionamentos, é um paradoxo humano. Conhecer nossos condicionamentos, assim como nossa capacidade de liberdade (porque é uma conquista antropológica), nos conscientiza, mas não nos tira da responsabilidade de nos formarmos a nós mesmos através de nossa decisão. O livre-arbítrio ai entra em jogo.Para as pessoas é difícil entender o que seja livre-arbítrio, sendo que para o senso comum a liberdade se não for absolutizada, é como algo fabuloso ou parcialmente existente. E permanece a dúvida, e persiste a problemática.

No entanto, o radicalismo antropológico sempre cai por terra quando se considera a pessoa enquanto um tudo. Aristóteles, certa vez, disse: "In media virtus" (no meio está a virtude). Não dá para absolutizar nos extremos, nem relativizar por completo, algo que existencialmente é um paradoxo enexorável, um equilíbrio constante, uma uni-totalidade ontológica e existencial.

Parâmetros são categorias de medida elementar, frutos de um processo de construção cognoscitivo. São eles o métro de nossa consciência conhecente para avaliar as realidades que nos defrontam em nosso dia-a-dia.

Contudo, ai você pode questionar-me dizendo que caímos num relativismo completo, onde os parâmetros pessoais das consciências indivíduais, seriam completamente difusos em modos de pensar desconexos, dando assim, cancha para opiniões contraditórias e impossíveis de serem conciliadas. Sem falar no problema da verdade. Não existiria verdade num completo relativismo. Mas eu digo: mesmo no relativismo haveria uma verdade, a verdade de que tudo é relativo, e isso seria inquestionável, um dogma.

A questão dos parâmetros é interessante porque revela a complexidade das múltiplas relações humanas na sociedade. Como é bom a diversidade, e o interessante é que, mesmo na diferença, conseguimos nos comunicar, e é a linguagem o espelho das idéias.

A única forma de medirmos as nossas categorias de medidas, é elaborando parâmetros de parâmetros. Isso é muito comum em nossa sociedade global.

Nós somos cheios dessas coisas, e isso se chama convenções. Nós convencionamos tudo, e a linguagem é a rainha das convenções, onde nominamos tudo, desde objetos, idéias, até sentimentos.

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